A segunda parte do livro se inicia quando Goldmund abandona a vida monástica e toda a noção de moral e pecado que o acompanhou até então.
Há uma virada na vida do personagem, que de educado e ingênuo burguês, passa a andarilho sem rumo. De fato, é impressionante como se modifica a consciência de Goldmund após a descoberta da mãe até então esquecida, chegando a um comportamento absolutamente amoral.
Antes cheio de pudores exagerados com relação às mulheres, o personagem passa a ser dominado pelos sentidos. Assim, por exemplo, em nenhum momento questiona seu comportamento em relação às jovens irmãs Lídia e Júlia. Olha só, ele morava lá, o pai das meninas o tratava bem, e ele só pensava em sacanagem! Nada de útil saía daquela cabeça oca!
Nem mesmo o assassinato de Vítor parece comovê-lo - claro, ele vagou sem consciência por alguns dias, mas me pareceu mais susto do que remorso.
A figura do pai, por outro lado, desaparece completamente, novamente sem que o personagem jamais se questionasse sobre seus sentimentos. Até o adorado Narciso apenas ressurge na escultura do apóstolo João, e mesmo assim como uma figura romantizada (o que é da própria essência da história de João, o "discipulo que Jesus amava").
Já na primeira parte do livro era possível sentir o quanto Goldmund era egoísta e incapaz de interagir. Essa segunda parte somente vem reforçar essa característica. E apesar de Goldmund ter, até certo ponto, amadurecido (bom, ao menos fisicamente...), pouca coisa foi agregada ao personagem. O autor fala num certo padecimento, mas também ressalta que Goldmund era incapaz de fazer qualquer sacrifício, ou de abandonar um prazer imediato por um bem maior.
Bom, estou quase no fim...
Deu para perceber que não sou fã dessa figurinha fútil e egocêntrica?